O QUE É o SABACU?



"Sabacu" é um ato tipicamente cearense difícil de transcrever em palavras. 

Trata-se de juntar as duas mãos, assoprar entre elas, e "sapecar" na parte de trás da cabeça de alguém fazendo um som característico. A nossa ideia é que a arte pudesse dar um "sabacu" no sistema que exclui, que nos mantém sem condições básicas para uma vida saudável, que nos mantém enjaulados em nossas casa com medo da violência, que estigmatiza a periferia e seus moradores, que impossibilita cada cidadão de ter direito a cultura na sua comunidade.

O sabacu é um festival alternativo que quer vir a ser um movimento, esta se realizando pelo segundo ano no bairro pirambu, com a finalidade de fortalecer esse território e a cidade, e tomar em nossas mãos as possibilidades de articular ações, sem mais depender do poder público para isso.  O tema esse ano de 2015 será : arte para o povo, sustento para o artista! 



UM POUCO DO QUE JÁ CONSTRUÍMOS:

O grupo Teruá no ano de 2013 se estabeleceu no bairro Pirambu e iniciou um processo de promover diálogos com a comunidade e com outros grupos que já mantinham atividades no bairro, como o Sementes do Amanhã, Grupo Complexo de teatro e banda Revolução F5.      Além de muitas conversas informais, foram promovidos três encontros dos artistas do Pirambu e da cidade, onde os grupos manifestaram suas muitas necessidades e angustias. Necessidade de se desfazer do estigma de que na periferia só tem violência, necessidade de se fazer ver, de ouvir, de buscar espaço de apresentações, de busca de renda e de apoio para continuar atuando artisticamente. Levantamos um olhar sobre a nossa cidade, Fortaleza, e o rosto que ela vem ganhando. Questionamos as desocupações, as construções, os viadutos, as árvores arrancadas, a policia truculenta, a falta de investimento na cultura, a facilidade com que os recursos chegam aos estádios e a dificuldade dos mesmos em chegar nos lugares onde a demanda é visível, e outras realidades da nossa cidade que interferiam diretamente na arte que fazemos .
Toda essa discussão ganhou corpo tendo como pano de fundo o bairro Pirambu, lugar que é moradia para muitos, mas que é evitado por alguns. Estando no bairro Pirambu percebemos que sua população tem necessidade de cultura, assim como todo bairro, mas principalmente nos bairros de periferia, pois o poder público não faz a cultura chegar até os mesmos. Partindo para pontos práticos começamos a listar espaços possíveis para fazer a arte acontecer e circular no Pirambu, listamos também os grupos e expressões de arte existentes e chegamos a conclusão de que era possível  fazer um movimento artístico pelo bairro e engatamos na ideia de realizar um festival de arte, para ocupar ruas e espaços, para sermos vistos e ouvidos, pra questionar a cidade e sua gestão, para levantar o debate, para trazer cultura para esta região da cidade, tomando assim uma posição politica de fugir dos grandes centro culturais e dos eixo centro-praia de Iracema- aldeota, onde já há grande circulação de cultura.
O I Festival Sabacu da arte no Sistema com o tema: Fortaleza pra quem? Arte e resistência; ocorreu em junho de 2014 tomando conta do EITA – Espaço interativo de trabalhos artísticos, sede do grupo Teruá; Do Centro Cultural Chico da Silva; da praça do chafariz e das ruas do bairro e grupos artísticos de toda a cidade compraram a idéia. Participaram no apoio deste o grupo teruá, complexo de teatro, Sementes do amanha, Movimento livre, Grupo Nóis de Teatro, Brincantes de São Franscico, Casa libertaria, Ciclovida, ACARTES, Silvia Moura, Adelbaram, grupo Seres de teatro, Estoriatores, Outro grupo de teatro, coletivo Muquifo, Grupo Reinventar, Mandacaru de arte, banda altos versos, Cia. Verdade cênica, grupo Pano de roda, Cia. Teatral somos todas Marias, Adianto cultural, Kekel Abreu. Ao todo 23 grupos ou artistas individuais participando com apresentações, com debates, com oficinas, com apoio e produção. Foram realizadas 16 apresentações de palco e rua e 6 oficinas. Essa mobilização foi feita com recursos próprios da equipe de produção, dos artistas que participaram e disponibilizaram materiais, além de promover suas apresentações para a comunidade com recursos do próprio grupo. Os apoiadores do I Festival Sabacu da arte no Sistema foram os próprios artistas e também a comunidade local. 
Nas rodas de conversas chegamos a algumas demandas como:

- fazer esses grupos que fizeram o evento continuarem se articulando em rede, a fim de conhecer os espaços uns dos outros e circular trabalhos.
- Fortalecer os espaços alternativos ocupados pelos grupos (sedes, praças, ruas etc)
- Realizar um documentário sobre arte alternativa em Fortaleza e a resistência desses grupos.
- Continuar realizando o Festival Sabacu da arte no sistema com periodicidade anual ou semestral, entre outras.

Posterior ao evento ficou a necessidade do encontro e da permanecia de ações de resistência que se estendessem ao longo do ano.

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