segunda-feira, 6 de julho de 2015

Ideias soltas sobre o Público

Como dar um sabacu da arte no sistema? 
Será que a internet é um veiculo eficaz para atingir as comunidades?
Por que há tanto público no Pirambu, nas periferias, e o mesmo não é considerado nas politicas públicas? 
Higor Fernandes continuou relatando no dialogo que o público do Pirambu gosta do ator intenso. Gosta do estrago. 
A internet ajuda os grupos a se comunicarem com a classe artística e com os jovens do bairro.
Observamos que tem teatro contemporâneo, popular, de rua nas periferias e não só teatro, mas tem dança, poesia, áudio visual e tanta coisa rolando, que é difícil entender a falta de visibilidade dessas coisas na mídia. O grupo Complexo de teatro se usa bastante da internet como mídia, marcando inclusive paginas de pessoas do bairro. Paginas que carregam o publico jovem. O publico adolescente e jovem é o mais difícil de ser atingido, por isso o grupo Complexo encontrou uma via de comunicação com esse publico através das fanpages. Inclusive para que a classe artística saiba do que está acontecendo e se sinta convidada para vir ao Pirambu assistir espetáculos.
Na literatura de Edvaldo Ferrer tem muito das ruas do Pici, Imagens maravilhosas se formam na periferia, a periferia traz uma estética completamente diferente para os trabalhos artísticos. Edvaldo relatou a beleza da performance Corpo-Lixo-Cidade de Silvia Moura apresentada no Sarau vai dar certo, formando imagens nas ruas do Pici, onde saíram lindas fotografias. É muito bonito sair na rua no fim da tarde e ver a quantidade de gente que tem na rua, e estão só na rua, não estão saindo pra ir a lugar nenhum. É muito bonito a periferia. No Sarau eles investiram em divulgação, fizeram flyers com desenhos de garotos da comunidade, fizeram fotos de crianças do bairro segurando o cartaz.As pessoas gostam de se ver, de se reconhecer.
Gleilton Silva relatou um pouco a pré-produção da apresentação de “Jardim das Flores de Plástico” no Pirambu.  Quando foram pregar os banner tinham umas crianças que já conheciam o trabalho que o Teruá faz na comunidade e começaram a acompanhar eles e perguntar: “tio vai ter apresentação? Tio eu posso vir de palhaço? Tio eu posso andar de perna de pau? E vieram varias crianças pintadas de palhaço.
Lembramos também que as crianças são mais fáceis de atingir, mas os adolescentes são mais difíceis, precisam de algo que lhes chame atenção.
Quais são os meios que o grupo dispõe para se comunicar dentro da periferia?
Altemar coloca que em 13 anos de grupo Nóis de teatro nunca teve problema com público na periferia, mas quando foram para espaços fechados começaram a perceber a dificuldade com público.

Altemar também levantou uma discussão muito importante sobre o Jornalismo. 
Há 13 anos o grupo Nóis de teatro está na periferia fazendo teatro, realizando eventos, as ações tem continuidade e se contar às matérias que saíram no jornal dá pra contar nos dedos de uma mão. E sempre que eles viajam para se apresentar fora, pra participar de festivais, sai matéria. Eles antes mandavam muitos materiais, gastavam dinheiro preparando kits, e não sai nada. Por isso eles criaram o próprio Jornal. “A Merdra”. Durante um tempo eles ficavam chateados, porque os jornais não queriam falar sobre eles, mas depois pensaram “que bom que não querem falar sobre a gente, que falem sobre o que interessa a eles”. Altemar nos coloca a inquietação: “Como dar um sabacu no sistema sem cair no sistema? Como a gente constrói outras estratégias de comunicação? E quais as outras ferramentas que dispomos para construir memoria?
Liana Cavalcante coloca que tem interesse em compreender a cabeça dos jornalistas. São pessoas da área de humanas, muitos frequentam teatros e se supõem que sejam pessoas inteligentes, mas na pratica muitas das informações que saem no jornal saem distorcidas. Ao mesmo tempo ela manifesta preocupação em não divulgar as ações na imprensa, porque as pessoas que estão fora dos nossos ciclos acabam não sabendo o que acontece. Inclusive educadores em escolas particulares repassam para seus alunos outra realidade quando falam de teatro, dança e arte em geral., reforçando a ideia de que o teatro é elitista, que só tem teatro nos grandes teatros, que teatro é para as classes altas, é um entretenimento para uma classe de pessoas. 
Liana fala de como o Jornalista deveria se comunicar de maneira diferente, que os jornais deveriam estar a serviço da comunidade, mas sua preocupação é não buscar a imprensa e o jornal continuar noticiando que o teatro é só lá no Celina Queiroz.
Ari Areia diz que compreende essa relação conflituosa com a imprensa. Diz que o Jornalista espera receber o material já previamente formatado de uma maneira que facilite o trabalho dele. Se ele recebe um material mais fácil de escrever, ele acaba se rendendo a facilidade mesmo.
É importante criar estratégias de comunicação alternativas, mas será que devemos abrir mão desse outro recurso, que é a imprensa?
Quem lê jornal hoje?
O que o jornal está pautando e pra quem está pautando?
Como criar cada vez mais laços com os lugares onde habitamos?
Que lugares de nossas comunidades podemos ocupar?
Como fazer a comunidade participar das ações?








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