Como dar um sabacu da arte no
sistema?
Será que a internet é um veiculo eficaz para atingir as comunidades?
Por que há tanto público no
Pirambu, nas periferias, e o mesmo não é considerado nas politicas
públicas?
Higor Fernandes continuou relatando no dialogo que o público do Pirambu
gosta do ator intenso. Gosta do estrago.
A internet ajuda os grupos a se
comunicarem com a classe artística e com os jovens do bairro.
Observamos que tem teatro
contemporâneo, popular, de rua nas periferias e não só teatro, mas tem dança,
poesia, áudio visual e tanta coisa rolando, que é difícil entender a falta de
visibilidade dessas coisas na mídia. O grupo Complexo de teatro se usa bastante
da internet como mídia, marcando inclusive paginas de pessoas do bairro.
Paginas que carregam o publico jovem. O publico adolescente e jovem é o mais
difícil de ser atingido, por isso o grupo Complexo encontrou uma via de
comunicação com esse publico através das fanpages. Inclusive para que a classe
artística saiba do que está acontecendo e se sinta convidada para vir ao
Pirambu assistir espetáculos.
Na literatura de Edvaldo Ferrer
tem muito das ruas do Pici, Imagens maravilhosas se formam na periferia, a
periferia traz uma estética completamente diferente para os trabalhos
artísticos. Edvaldo relatou a beleza da performance Corpo-Lixo-Cidade de Silvia
Moura apresentada no Sarau vai dar certo, formando imagens nas ruas do Pici,
onde saíram lindas fotografias. É muito bonito sair na rua no fim da tarde e
ver a quantidade de gente que tem na rua, e estão só na rua, não estão saindo
pra ir a lugar nenhum. É muito bonito a periferia. No Sarau eles investiram em
divulgação, fizeram flyers com desenhos de garotos da comunidade, fizeram fotos
de crianças do bairro segurando o cartaz.As pessoas gostam de se ver, de
se reconhecer.
Gleilton Silva relatou um pouco a
pré-produção da apresentação de “Jardim das Flores de Plástico” no Pirambu. Quando foram pregar os banner tinham umas
crianças que já conheciam o trabalho que o Teruá faz na comunidade e começaram
a acompanhar eles e perguntar: “tio vai ter apresentação? Tio eu posso vir de
palhaço? Tio eu posso andar de perna de pau? E vieram varias crianças pintadas
de palhaço.
Lembramos também que as crianças
são mais fáceis de atingir, mas os adolescentes são mais difíceis, precisam de
algo que lhes chame atenção.
Quais são os meios que o grupo
dispõe para se comunicar dentro da periferia?
Altemar coloca que em 13 anos de
grupo Nóis de teatro nunca teve problema com público na periferia, mas quando
foram para espaços fechados começaram a perceber a dificuldade com público.
Altemar também levantou uma
discussão muito importante sobre o Jornalismo.
Há 13 anos o grupo Nóis de teatro está na periferia fazendo teatro,
realizando eventos, as ações tem continuidade e se contar às matérias que
saíram no jornal dá pra contar nos dedos de uma mão. E sempre que eles viajam
para se apresentar fora, pra participar de festivais, sai matéria. Eles antes
mandavam muitos materiais, gastavam dinheiro preparando kits, e não sai nada.
Por isso eles criaram o próprio Jornal. “A Merdra”. Durante um tempo eles
ficavam chateados, porque os jornais não queriam falar sobre eles, mas depois
pensaram “que bom que não querem falar sobre a gente, que falem sobre o que
interessa a eles”. Altemar nos coloca a inquietação: “Como dar um sabacu no
sistema sem cair no sistema? Como a gente constrói outras estratégias de
comunicação? E quais as outras ferramentas que dispomos para construir memoria?
Liana Cavalcante coloca que tem
interesse em compreender a cabeça dos jornalistas. São pessoas da área de
humanas, muitos frequentam teatros e se supõem que sejam pessoas inteligentes,
mas na pratica muitas das informações que saem no jornal saem distorcidas. Ao
mesmo tempo ela manifesta preocupação em não divulgar as ações na imprensa,
porque as pessoas que estão fora dos nossos ciclos acabam não sabendo o que
acontece. Inclusive educadores em escolas particulares repassam para seus
alunos outra realidade quando falam de teatro, dança e arte em geral., reforçando a ideia de que o teatro é elitista, que só tem teatro nos grandes
teatros, que teatro é para as classes altas, é um entretenimento para uma
classe de pessoas.
Liana fala de como o Jornalista deveria se comunicar de
maneira diferente, que os jornais deveriam estar a serviço da comunidade, mas
sua preocupação é não buscar a imprensa e o jornal continuar noticiando que o
teatro é só lá no Celina Queiroz.
Ari Areia diz que compreende essa
relação conflituosa com a imprensa. Diz que o Jornalista espera receber o
material já previamente formatado de uma maneira que facilite o trabalho dele. Se
ele recebe um material mais fácil de escrever, ele acaba se rendendo a
facilidade mesmo.
É importante criar estratégias de
comunicação alternativas, mas será que devemos abrir mão desse outro recurso,
que é a imprensa?
Quem lê jornal hoje?
O que o jornal está pautando e
pra quem está pautando?
Como criar cada vez mais laços
com os lugares onde habitamos?
Que lugares de nossas comunidades
podemos ocupar?
Como fazer a comunidade
participar das ações?
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