domingo, 21 de junho de 2015

quem é o público? por Higor Fernandes - primeira roda de conversa do sabacu 2015

"Quem é publico?



O publico daqui são as donas de casa, 
os tios que jogam dominó nas calçadas, 
são as crianças que brincam de bila na calçada, 
no meio da rua, são os carros que param quando alguma coisa acontece. 

O publico aqui gosta do estrago. 
Então se ele ouve um papoco ele vai, agora se este papoco vai ser bala, vai ser fogos de artificio ou ai ser um grupo de teatro com um cortejo batucando, não importa, vai ter pessoas para ver. 



Eu nasci e me criei aqui no Pirambu e vi muita coisa nesse sentido. 
A cultura popular é muito forte, por exemplo, o reisado mestre Zé Pio.
 Depois disso, os grupos de teatro da igreja, da paroquia Do Cristo redentor, o Hóstia santa e outros grupos que faziam arte das paroquias, até então a igreja evangélica ainda não tinha vindo com essa força total. Então os grupos mais fortes eram Hóstia santa, segunda voz e Getap. 

Eram três grupos fortes de três paroquias diferentes. E também tinha um grupo de dança pop, que dançavam Britney Spears, que era um travesti que organizava, ele colocava cadeiras, montava um som e lotava, pra ver os meninos e meninas dançarem, tinha um tio que fazia brincadeiras com crianças, tipo remã-remã, era brincadeira, ela fazia na calçada, mas tinha publico. E hoje tem um grupo na praça que tem um cinema, até os amigos do Teruá foram conhecer. Os grupos existentes hoje são o sementes do amanhã, que é de um projeto chamado Chico da Silva, das Irmãs da sociedade de redenção, o Teruá que veio para cá e o meu grupo Complexo grupo teatro. E desses grupos cada um está encontrando a sua forma de chamar esse público. 

Do meu grupo a gente foi através da internet mesmo.
É um grupo jovem e nós resolvemos chamar as pessoas pela internet. 
Vamos marcar a galera de teatro e vamos ver quem vem pro Pirambu assistir o nosso primeiro espetáculo. Tivemos publico tanto na pré-estreia como na estreia que foi no Chico da Silva. O espaço já abriga atividades como essas. Mesmo quando deixamos de promover atividades durante um bom tempo ainda assim tem público. Se o Teruá for agora para frente do Chico da Silva aparece gente. Se você que estrear um trabalho, estreie no Pirambu. Tem público. 
Agora porque eles vem? 
Oque eles querem quando vem pra cá? 

O Pirambu não é um bairro ocioso, tem muita coisa acontecendo, ai você pergunta: É só teatro que eles gostam de ver. Não. Qualquer coisa que você apresentar. 
Essa coisa da formação de plateia, que é um pensamento muito dos teatros fechados, é uma coisa tão formal na cabeça desse espectador de beira de calçada. "

(Higor Fernandes. Conversa sobre público e formação de plateia no Sabacu 2015. 20/06/2015)

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